Novamente no outono, toda a ala feminina da cidade se reunia ao redor de umas chapas enormes para grelhar berinjelas e pimentões – chapas comuns, como as mulheres as chamavam –, alimentadas com a mesma lenha das florestas dos arredores. Pilhas inteiras de berinjelas compradas por uma ninharia do pequeno mercadinho público local.
Obor
OS MICI DE OBOR
Já vai para mais de dez anos, é quase um ritual: sempre que vamos fazer compras no Mercado Obor (desde que me entendo por gente moro “na boca de Obor”, como se diz), encerramos com uns mici, que são comidos com palitinhos, como manda o regulamento, numa bandejinha de papelão regada com muita mostarda (daquela barata, romena, bem grosseira) e com uma mais que merecida cerveja.
Resistência#Obor
Todos os dias, dezenas de milhares de cidadãos estudam as bancas da feira e, aqui e ali, abrem bem a boca das sacolas para abarrotá-las de produtos. Numa cidade apinhada de supermercados e descontos, habitada por gente com gostos cada vez mais sofisticados e regulada pelos padrões europeus, parece um milagre que Obor ainda resista.